na casa deles havia
roupa por passar.
cigarros desmaiados nos cinzeiros
quadros tortos em paredes que um dia terão sido brancas
ja não são.
na casa deles cheirava a dor.
mas havia esperança.

na casa deles
havia roupa por passar.
na casa deles um dos filhos só estava na moldura
a polícia levou-o na carrinha.

os outros cirandavam por ali.
mas o silêncio da moldura era doloroso.
gritante. tão enorme que os visitantes conseguiam ouvi-lo muito depois de se terem afastado da casa e da roupa por passar e dos cigarros desmaiados.

já passou um dia e ainda não sei se o silêncio era o coração da mãe a bater contra as paredes.

4 comentários:

CNS disse...

O silêncio é uma coisa desarrumada. Como a roupa por passar.

Já sabes: Como sempre. :))
(Agora sou eu quem imita a Isabel...)

Isabel J. disse...

Agora é a minha vez de me imitar...
Marta, como sempre :D

:*

MMS disse...

Obrigada, meninas :)
Como sempre :)

pbc disse...

Julgava que o lugar da melancolia neste blogue era meu ;). As «minhas meninas blogueiras» são ainda jovens para esta contabilidade de perdas, vazios e impotências. Mas é sempre com prazer que vos reencontro neste sítio sem nome.