A Fita

- Tira-me isto. Rápido, tira-me isto – dizia enquanto tentava arrancar aquele pedaço de fita do tornozelo.
- Arranca. Puxa. Tira-me isto.
As lágrimas escorriam no seu rosto esguio e mulato. A amiga tentava ajudar, mas em vão .
Olga não queria mais aquela fita, com nós de promessas. Não queria nada que o recordasse. Promessas traidas.
- Com mais força. Desfaz. Tira-me isto, por favor. – Soluçava.
Já não havia esperança no verde da fita. O futuro já passara. Para avançar não podia haver recordações por perto. Seria demasiado. Doloroso.
Amanhã lembraria apenas a vontade de um último beijo. Beijo que nunca seria dado.
- Tira-me isto – continuava a dizer, enquanto a fita se soltava.

4 comentários:

CNS disse...

Os nós das promessas que não cumprem são tão apertados...

pbc disse...

Gostei. Bonito!
Há laços que se tornam nós difíceis de desatar ;)

MMS disse...

Os nós ficam muito depois de serem desatados. mas muitas vezes achamos que tirar as fitas é desapertar os nós: ignorando que é no coração que os nós foram laços. Adorei Isabel!

Isabel J. disse...

Obrigada a todos :)

Vcs até nos comentários são ...como sempre...

:*