Aos12 anos Vasco já quase sabia ler – Oh vó! Aqui no livro diz : A vitela medrou até se tornar na melhor vaca leiteira da região. Que quer dizer, medrou? – Se te apanho a ler porcarias vais ver a sova que levas. - e quase sabia escrever – O Xico da marreca na gosta cu xamem assim por causa da mãe dele ter as costas tortas - mas, não era esse o facto que enchia de orgulho a sua meritíssima avó. Vasco fizera a 1ª comunhão, havia recebido o seu 1º sacramento e por isso, Oh bênção suprema! A partir do próximo domingo, seria acólito do pároco local. – Alcoólico? Mas avó, eu juro que nunca bebi nada na taberna do Tó a não ser Sumol de laranja.
O dia em que finalmente estreou os paramentos, está registado nos anais do Chiqueiro, como o da invasão da igreja, por um número nunca visto de menores de 18 anos (habitualmente, a média de idades rondava os 65). Mal tinha saído da sacristia e já o culto se transformara num arraial, com o Xico a incitar a horda a toda a espécie de impropérios. Há quem jure que o Vasco entrou com as pernas a tremer como se tivesse tido um ataque de epilepsia e saiu ainda a antes do credo, entre soluços: - Ai credo que me mijei todo.
Adquirida a rotina dos rituais e já que o hábito faz o monge, as coisas lá foram tomando um rumo susceptível de conformar os devotos.
Certo domingo, encontrou a porta da sacristia aberta, como de costume, mas lá dentro não viu ninguém. Intrigado, ousou entrar na sala que o pároco usava para se ornamentar. Viu, ai se viu, a gaveta aberta do móvel dos paramentos, lá dentro a cabeça da dona Amélia, no tampo as mãos da dona Amélia e o pároco na dona Amélia. O pároco na dona Amélia. Ao ranger da porta, viu o pároco a descer as vestes e a dona Amélia a subir a cinta. – Vasquinho, os castigos do corpo purificam a alma. Disse o pároco passando-lhe a mão suada pelos cabelos.
1 comentário:
Ai o pároco e a Dona Amélia, que rebaldaria que para ali ia :) e o Vasquinho, pobre moço, a ter que assistir a tudo! :)
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