Reflex(ã)o

Torno para contar
Estive ausente
Aparentemente
Precisava de pensar

Pensei tanto
Tão devagar
E no entanto
Precisava de falar

Escureci os sentidos
Apaguei a identidade
Em busca da verdade
E de sonhos perdidos

E vi tudo com a clareza
De um álbum de fotografias
A alegria e a tristeza
Perdidas na pressa dos dias

Cuidadosamente
Sem luz, som, cor ou companhia
Eu e mim em sintonia
Simplesmente

Como é surpreendente
Este Eu revisitado
Este Eu permanente
Este Eu despojado

Revisitei-me pormenorizadamente
Tempo, espaço e circunstância
Sem imaginar a distância
Entre o Eu gente e o mim realmente

Conversámos longamente
O Ser etéreo e o Ser consciente
Numa viagem incontinente
Reinventando tudo diversamente

Ou não, não foi reinvenção
É a verdade que é diferente
Quando alternadamente
Nos brota da cabeça ou do coração

Ser único, inteiro
Em vez de vulto indistinto
Ser o eu verdadeiro
Ser quem sou e o que sinto

Sei agora, apenas quando
as folhas dos dias já caíram
Não foram as coisas que fugiram

Mas eu quem não as fui cuidando

3 comentários:

Isabel J. disse...

Mt bom Pedro :)

Devíamos todos reflectir sobre o nosso "eu", de vez em qd. Para ver se não deixávamos de cuidar de certas coisas que têm tendência a fugir.

:*

pbc disse...

Obrigado Isabel :-)

atirpliz disse...

Vocês são muito bons!
Bjs
Rita