Da cor

Sem luz não há cor. Disse-lhe ela quando se conheceram naquela noite escura. Em breve amanhecerá, disse-lhe ele. O cheiro do mar salgava o fim das palavras. Em breve amanhecerá e terás um rosto. Ela aproximou-se do cheiro morno da pele dele. À luz da clara do dia ainda te parecerá que  o meu nome é bonito? Perguntou-lhe. Ele sorriu. Ou pareceu-lhe a ela, que sorrira. Terá três silabas ainda. Disse-lhe. As mesmas que agora  se arrastam no espaço que nos antecede o beijo. O hálito salgado da noite escorreu-lhes na pele. Nas bocas e nas mãos. No ruído da luz da manhã, conheceram os rostos. Ela sorriu, quando ele repetiu o seu nome de três silabas. E enquanto os seu dedos leitosos percorriam o rosto escuro dele, ela pediu-lhe que fechasse os olhos. E sussurrou-lhe ao ouvido. Sem luz não há cor.



1 comentário:

Isabel J. disse...

Sempre em grande, Cris-ti-na! :)