O - Vento Quente - traz-me à memória os verões onde morámos. O - Vento Forte - vareja-me de odores da terra que desabitámos. O - Vento Húmido - sobre o mar, crispando as ondas, arrasta-me em marés ora vazias ora cheias de nós. O - Vento Obreiro - nas pás dos moinhos, das noras e nas velas dos barcos, leva-me de volta ao rio tantas vezes testemunha dos nossos corpos espreguiçados sobre a relva. O -Vento Contra – (e a vida toda a nosso favor) a entrar pelo tejadilho do carro e a tornar os teus cabelos num imenso véu.
O vento que faz sempre aqui, sobre esta laje, onde me obrigas a regressar sempre que o vento pára dentro de mim e me custa a respirar. – Pronto! Aqui tens o nosso tesouro. Hoje juntei-lhe um novo e derradeiro frasquinho. Na etiqueta escrevi, - Vento Interior - e dentro coloquei-lhe o meu último sopro. Até já meu amor.
3 comentários:
O cata-ventos da nossa memória.
Bem "soprado" Pedro.
Pedro, está tão lindo e poético!
adoro o 'vento contra (e toda a vida a favor' e o derradeiro 'vento interior' :)
Gostei muito Pedro :)
As variantes do vento.
Obrigada por teres aceite o desafio :)
:*
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