as casas construídas na infância

Não precisam de chave as casas que encontramos a par e passo na memória. Têm entradas fáceis, as portas não precisam de empurrão, as janelas são cortinas ao vento e o cheiro a marmelada mostra-nos que não nos enganámos no caminho. Nas casas que guardamos na memória há roupa lavada com perfume de alfazema, baldes de água que se nos distraímos entornamos, gatos perdidos sem fome porque não falta alimento, mesas postas protegidas com guardanapos para fintar as moscas. Nestas casas, tão nossas, as paredes são álbuns de fotografias protegidos pelos vidros, as almofadas resistem ao tempo que passa e passará e ninguém diz que não a uma sesta no sofá da sala a meia luz. As casas da infância que de quando em quando visitamos são palácios à espera dos nossos sonhos de meninos – tão intactos como os álbuns que preenchem as paredes. Lá nunca ganham pó.

4 comentários:

CNS disse...

São casas só nossas. Mesmo só nossas.

Como sempre, Marta :) ....

bj

MMS disse...

tão nossas que duvidamos conseguir explicar aos outros!
Obrigada, Cris :)

Isabel J. disse...

Cada divisão tem o seu cheiro, nessas memórias.

Adorei Marta :D

Mesmo muito...

:*

MMS disse...

Obrigada, Isa :)