O mercado automóvel, como agora se diz, o mercado automóvel. Sábias palavras, escorreitas, abrangentes, pasteurizadas, leves, ordenadas, confiáveis. Imagine-se uma roulotte que vende cachorros quentes à porta de uma discoteca da moda. imagine-se que o tipo da roulotte deixa de vender cachorros quentes e passa a automóveis, muda para espaços amplos, tira a camisola interior e veste camisa e gravata, mas continua de pinça na mão a acabar o produto e passar para o dinheiro no bolso. O cliente é rei, tem sempre razão desde que aceite as regras que são estas: podes escolher recheio, a salsicha nuazinha e as opções. A diferença está no preço: as prestações são a saída inteligente, é assim porque sim... tens de hipotecar, aí a seis anos ou sete, podes assim escolher opções mais caras porque dividindo o excesso em 70 prestações nem se nota. bato palmas porque etou a ver, a ideia é vender o sonho. Sobre o que vais amargar para o pagar não se fala. Enquanto a roulotte te proporciona instantes de prazer guloso com consequências previsíveis, estes aqui, os do mercado automóvel, fazem-te crer que precisas do que não precisas e agarram-te durante uma parte importante dos anos que te restam para viver, sugam-te, vampirizam-te, deixam-te sem pinga de sangue e depois quando olhas para a lata velha finalmente tua, descobres que já não te serve porque não anda.
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