Moleskine

Trazia sempre consigo um caderno de capa preta. Sentava-se no banco verde do pátio, o que tinha menos uma tábua e escrevia uma linha sempre que alguém passava. Nos dias de chuva sentava-se no café, numa mesa perto da janela e longe dos olhares dos homens que pediam um bica traçada com aguardente. Um dia, parou de escrever e colou uma fotografia na capa.  Uma terra gretada, um quase deserto. Quando lhe perguntei  o porquê da foto, levantou-se do banco verde,  o que tinha menos uma tábua e disse. Só me faltava uma pagina para acabar o caderno. A página do deserto. Porque é dele que nascem as estorias. Nas paginas onde escrevia ainda só estão guardadas pessoas. Que esperam o parir da minha estória.

5 comentários:

Isabel J. disse...

Ohhhhh.... tao fixolas :D
inspiraste-te no "meu deserto" e "no parir" da Martinha :D

Gostei mmtttt

:*

PS - Q venha a próxima foto! ;)

CNS disse...

Foram mais duas pessoas que passaram pelo banco verde ;)

MMS disse...

Oh Cristina :)

Espectacular esta junção de histórias e de pessoas cheias de desertos por abrir. Cheias de histórias :

CNS disse...

Estão, estamos cheios delas, Marta. É só ficarmos um bocadinho nesses bancos verdes. Mesmo os sem tábua ;)

beijinho :)

MMS disse...

Adoro esses bancos sem tábua :) Dá-me sempre ideia que estão assim porque foram muito usados pelos anos. E pelas pessoas que os preferiram :)