Um. O teu telemóvel está a tocar. Digo-lhe. Ela tira-o da mala. Revira os olhos depois de ver o número e guarda-o com um suspiro. Não atendes? Dois. Não. Não tenho nada para lhe dizer. Dei-lhe o número porque não sei dizer não. Agora insiste em ligar-me. Três. Diz que já não falamos há imenso tempo. Felizmente. Não tenho nada para lhe dizer. Quatro. Mas insiste. Diz que tem coisas que gostava de partilhar, de conversar. Mas eu não tenho nada para lhe dizer. Cinco. Nada, nem tempo para ouvir o que não me interessa. O telefone cala-se e ela bebe o resto do café. As pessoas são naturalmente surdas. Ouvir os outros é um esforço evolutivo tremendo. Uma espécie de polegar extra. Ela pousa a chávena e ficamos ali as duas. A fingir que olhamos o fogo.
6 comentários:
esta sintonia em forma de telemóvel é surpreendente :)
adorei o polegar extra: adorei adorei adorei.
:)
Seis. Finalmente atendeu. Era a Marta. A telefonar com o telemóvel que lhe ofereceram no aniversário. Só queria contar que tinha pedido um galheteiro. Cor de vinho.
EHEHEHEH :D
Meninas, grande sincronização... mt BOM :D
Mesmo!
:*
hihiihhihihihiihhi :) :)
Oh Isabel, tu és demais :)
Isabelita:
Isso é que é um belo desfecho :)))
verdade, ouvir os outros parece-nos perda de tempo, arrepiante.gostei. boas férias e boas escritas and so on.
Boas férias, Helena!
And so on :)
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